Qualidade de vida no trabalho das equipes de enfermagem e a satisfação com o ambiente laboral dos Enfermeiros atuantes em unidades de terapia intensiva na pandemia da covid-19.
Autor: Caroline de Oliveira (Currículo Lattes)
Resumo
A pandemia covid-19 constituiu-se em um problema de saúde pública que repercutiu na qualidade de vida no trabalho das equipes de enfermagem, afetando a satisfação do trabalhador com seu ambiente laboral, além de ter impactos sobre sua saúde física e emocional. Este estudo objetivou identificar os níveis da qualidade de vida no trabalho das equipes de enfermagem e de satisfação com o ambiente laboral dos Enfermeiros atuantes em Unidades de Terapia Intensiva, durante a pandemia da covid-19. Os objetivos específicos foram: Identificar o perfil sociodemográfico das equipes de enfermagem atuantes em Unidades de Terapia Intensiva durante a pandemia da covid-19; Mensurar os níveis de qualidade de vida no trabalho das equipes de enfermagem atuantes em Unidades de Terapia Intensiva durante a pandemia da covid-19; Descrever as características do ambiente de trabalho que influenciam na satisfação com o ambiente laboral dos Enfermeiros atuantes em Unidades de Terapia Intensiva durante a pandemia da covid-19; Identificar a associação entre qualidade de vida no trabalho e os atributos organizacionais que influenciam na satisfação com o ambiente laboral dos Enfermeiros atuantes em Unidades de Terapia Intensiva, durante a pandemia da covid-19. Trata-se de um estudo transversal e analítico, o qual foi desenvolvido junto a três instituições hospitalares públicas de ensino, vinculadas à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, localizadas no estado do Rio Grande do Sul, sendo: Hospital Universitário de Santa Maria, Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Os participantes foram os profissionais de enfermagem atuantes nas Unidades de Terapia Intensiva das instituições descritas acima. A coleta de dados ocorreu entre os meses de janeiro a março de 2022, por meio da aplicação de dois questionários via Google docs, de modalidade online. Os instrumentos utilizados foram o Total Quality of Work Life, para avaliar os níveis de qualidade de vida no trabalho e o Brasilian Nursing Work Index para verificar a satisfação laboral dos enfermeiros, ambos adaptados à cultura brasileira e disponíveis para utilização. Foi utilizado estatística descritiva no primeiro e segundo artigo, enquanto no terceiro artigo foi utilizado estatística analítica. No primeiro artigo, foram realizados os testes de Kruskal-Wallis, Wilcoxon e Shapiro-Wilk. Enquanto no terceiro artigo foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. As análises foram realizadas através do software estatístico R versão 4.3.2 e foi utilizado o alpha de Cronbach para verificar a consistência interna dos instrumentos. Foram respeitados os aspectos éticos, obtendo-se a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 30950420.9.0000.5324). Os resultados foram apresentados sob forma de três artigos, intitulados: "Qualidade de vida no trabalho e o perfil sociodemográfico da equipe de enfermagem durante a covid-19", "Satisfação com o ambiente laboral de enfermeiros atuantes em unidades de terapia intensiva durante a Covid-19" e "Satisfação com o ambiente laboral de enfermeiros". O primeiro evidenciou um panorama detalhado sobre o perfil sociodemográfico dos enfermeiros e técnicos de enfermagem, mostrando maior concentração de mulheres, com idades médias de 41,6 anos para enfermeiros e 38,9 anos para técnicos. A qualidade de vida no trabalho variou entre as dimensões, sendo a esfera "Psicológico e Comportamental" com a maior avaliação e a "Tempo de Lazer" com a menor avaliação, o que corrobora para a implementação de ações que possam melhorar a qualidade de vida dos profissionais, contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. O segundo artigo permitiu demonstrar o nível de satisfação de enfermeiros atuantes em Unidades de Terapia Intensiva usando o instrumento Brasilian Nursing Work Index. Os domínios com melhores escores foram autonomia e suporte organizacional (1,9), seguidos pelo controle sobre o ambiente (2,0). Relações entre médicos e enfermeiros, apesar de satisfatórias, apresentaram maior variação nos escores. O Alfa de Cronbach variou entre 0,75 e 0,98, indicando boa consistência interna e alta confiabilidade do instrumento. Este estudo evidencia a necessidade de fortalecer as relações interprofissionais e manter suporte organizacional adequado para promover um ambiente de trabalho adequado. Por fim, o terceiro artigo evidencia a relação entre a qualidade de vida no trabalho e a presença dos fatores organizacionais que impactam na satisfação com o ambiente laboral, trazendo o exercício da autonomia, o controle sobre o ambiente e o suporte organizacional como características do ambiente laboral satisfatório e que impactam na qualidade de vida, no bem-estar e na saúde do trabalhador. Conclui-se que a equipe de enfermagem possui um bom nível de satisfação com o ambiente laboral e qualidade de vida no trabalho, contudo ainda tem alguns aspectos organizacionais que impactam negativamente, necessitando de melhorias por parte da instituição. Além disso, os achados evidenciados neste estudo poderão contribuir para a formulação de políticas públicas e organizacionais em prol da saúde e do bem-estar do trabalhador.