Tese - Michelle da Silveira Chapacais Szewczyk

Vinculação afetiva entre pais-filhos prematuros internados em unidade de terapia intensiva neonatal

Autor: Michelle da Silveira Chapacais Szewczyk (Currículo Lattes)

Resumo

O nascimento de prematuros é uma realidade cada vez mais frequente e constitui uma relevante questão de saúde pública. Este estudo teve por objetivo compreender como se dá a formação do vínculo afetivo entre recém-nascidos prematuros internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e seus pais. Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória de cunho qualitativo. Os participantes do estudo foram 10 pais e 17 mães de recém-nascidos prematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um Hospital no sul do Brasil. Os dados foram coletados entre 2022-2023, através de entrevistas e examinados a partir da Análise Temática. Conforme a resolução 510/2016, respeitaram-se os princípios éticos em pesquisas. O projeto teve a aprovação do Comitê de Ética, sob parecer CAAE 53883521.9.0000.5324. As participantes apresentaram como justificativas para internação da criança na Unidade Neonatal o fato de apresentarem uma gestação de alto risco devido à pré-eclâmpsia, gestação múltipla ou estar com idade considerada de risco para gestar; enfrentarem os desfechos decorrentes da gestação ao estarem com infecção do trato urinário, terem contraído COVID-19 ou apresentaram condições associadas à gravidez. Quanto ao exercício a maternidade/paternidade em ambiente intensivo neonatal verificou-se que os pais desconheciam o ambiente, viram o(a) filho(a) pela primeira vez dentro da uma Unidade, temeram pela perda do(a) filho(a) pela condição clínica e ficaram com o(a) filho(a) internado muito tempo. Alguns saíram da UTIN, mas continuaram com o filho hospitalizado ou vivenciaram o luto de um filho enquanto o outro se recuperava na unidade neonatal. Como estratégias para a construção do vínculo afetivo com a criança citaram a vivência do Método Canguru, permanecerem na unidade e realizarem cuidados com o(a) filho(a), criarem laços afetivos com a equipe de saúde e se fortalecerem através da fé. Como fatores que facilitaram a construção do vínculo com a criança citaram a importância do acolhimento para o exercício da paternidade e maternidade no setor ao receberem um cuidado acolhedor da equipe multiprofissional, terem uma rede de apoio fortalecedora e manterem o vínculo com a equipe após a alta hospitalar. Identificaram, também, fragilidades nas relações afetivas que dificultaram o processo de vinculação afetiva entre os pais, mães e seus filhos, pois se sentiram distantes do neonato pelas dificuldades geradas no ambiente neonatal. Não se sentiram acolhidos pela equipe de saúde no Centro Obstétrico (CO) e na Unidade Neonatal, enfrentaram adversidades na Maternidade, perceberam a importância do apoio do pai e os reflexos dessa ausência e enfrentaram dificuldades impostas pela pandemia. Como consequências do nascimento prematuro na formação do vínculo afetivo referiram ter ressignificado a experiência parental, consideraram o vínculo familiar fortalecido após essa experiência, identificaram singularidades decorrentes do nascimento prematuro e reconheceram fraquezas e fortalezas da maternidade prematura. O conhecimento trazido à tona a partir deste estudo poderá contribuir para que os profissionais de enfermagem elaborem estratégias efetivas de auxílio no processo de vinculação afetiva entre pais e recém-nascidos prematuros, por meio do uso da comunicação efetiva e escuta atenta como instrumentos no processo de cuidar.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: Enfermagem neonatalBebê prematuroRelações familiaresApego ao objetoUnidades de Terapia Intensiva Neonatal