Percepções de pós-graduandos sobre a formação acadêmica para docência, pesquisa e inovação tecnológica em cursos de doutorado em enfermagem no Brasil
Autor: Larissa Merino de Mattos (Currículo Lattes)
Resumo
Os programas de pós-graduação em enfermagem stricto sensu foram criados e ofertados pela primeira vez nos Estados Unidos, no ano de 1930, e depois, em 1969 em outros países. No Brasil, os primeiros cursos de mestrado e doutorado acadêmico foram criados em 1972 e 1981, respectivamente, com intuito de qualificação profissional de enfermeiros para atuarem em Instituições de Ensino Superior. Ao que diz respeito ao planejamento da carreira docente, discentes buscam realizar caminhos para obter qualificações para ingressar no mercado de trabalho, contudo, podem depararem-se com diversas dificuldades ou fragilidades, desde o ingresso na pós-graduação e até mesmo dispensação de tempo para dedicação ao curso. Foi objetivo geral: compreender o processo de formação para a docência, pesquisa e inovação tecnológica de pós-graduandos em enfermagem dos cursos de doutorado acadêmico das universidades federais do Brasil, frente ao planejamento e prioridades de carreira. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. Participaram 36 doutorandos de 1.122 pós-graduandos em enfermagem de Instituições de Ensino Superior federais do Brasil. A coleta de dados ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 2024, de modo online via plataforma Zoom Education. As entrevistas foram gravadas e transcritas posteriormente. A coleta de dados teve início a partir da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. A análise de dados foi realizada através da Análise Textual Discursiva com auxílio do software IRAMUTEQ. Como resultados, obteve-se que os achados convergem para a compreensão das potencialidades e desafios enfrentados pelos doutorandos em enfermagem ao longo de sua trajetória acadêmica. Identificou-se que a busca pela inserção na carreira docente é um objetivo comum entre os participantes, mas essa transição é marcada por obstáculos como lacunas na formação pedagógica, elevada competitividade no mercado acadêmico e necessidade de aprimoramento curricular. A integração entre pesquisa e docência foi destacada como uma estratégia essencial para a formação de profissionais mais qualificados, sendo favorecida pela inserção em grupos de pesquisa e pela colaboração acadêmica internacional. No entanto, desafios estruturais, como a carga horária limitada de disciplinas voltadas à docência, a exigência de dedicação exclusiva e a insuficiência das bolsas de estudo, impõem dificuldades à permanência e ao desempenho acadêmico dos doutorandos. Além disso, o ambiente competitivo da pós-graduação e as demandas associadas ao percurso formativo podem impactar a saúde mental dos estudantes, evidenciando a necessidade de fortalecimento do suporte institucional. Dessa forma, os resultados indicam a importância de repensar estratégias que favoreçam uma formação mais equilibrada e alinhada às demandas contemporâneas da educação superior em enfermagem. O fortalecimento da qualificação dos doutorandos e a construção de políticas institucionais mais inclusivas e equitativas são essenciais para garantir a excelência da pós-graduação e, consequentemente, para a ciência da enfermagem e sua contribuição para a sociedade.