Parentalidade e ajustamento familiar entre mães e adolescentes
Autor: Suelen Visniewski Barbosa (Currículo Lattes)
Resumo
A maternidade na adolescência é um fenômeno que representa um desafio para a saúde pública, pois está associada a impactos biopsicossociais que afetam tanto as mães adolescentes quanto o desenvolvimento infantil e o ajustamento familiar. Este estudo tem como objetivo avaliar as práticas parentais e o ajustamento familiar entre mães adolescentes. Trata-se de um recorte do macroprojeto "CONSTRUINDO UM MARCO DE JUSTIÇA SOCIAL PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL E PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA ENTRE JOVENS MÃES NO BRASIL", realizado com financiamento internacional. A coleta de dados foi realizada entre agosto de 2023 e agosto de 2024, por um grupo de quinze coletadores estudantes de graduação de enfermagem, medicina e psicologia. A Escala de Parentalidade e Ajustamento Familiar foi aplicada em 244 mães adolescentes, cadastradas nas Unidades de Estratégia de Saúde da Família de um município do sul do Rio Grande do Sul, com idade entre 10 e 19 anos 11 meses e 29 dias cujos filhos têm entre 0 e 4 anos 11 meses e 29 dias. Os dados foram analisados pelo software STATA 17.0 e apresentados através da estatística descritiva das variáveis, foram calculadas as medidas sumárias, frequências absolutas e frequências relativas. Os resultados evidenciaram que 70,45% das participantes tinham 18 anos ou mais, aproximadamente 64,78% já concluíram os estudos, enquanto 14,98% pararam de estudar, 73,28% estavam desempregadas e 90,7% possuíam renda de dois ou mais salários mínimos. Em relação às práticas parentais, 71,3% das mães relataram não utilizar punição física, enquanto 54,1% frequentemente elogiavam o bom comportamento dos filhos. A escala de relacionamento cuidador-criança indicou forte vínculo afetivo, com 83,4% das mães afirmando ter um bom relacionamento com seus filhos. Contudo, foram identificadas inconsistências parentais, como a desistência diante da resistência da criança (21,5%) e o uso de gritos ou irritação como estratégia disciplinar (6,9%). Conclui-se que, apesar das vulnerabilidades socioeconômicas, as mães adolescentes demonstraram fortes vínculos afetivos e adoção de práticas parentais positivas. No entanto, a inconsistência na disciplina e o uso de estratégias coercitivas apontam para a necessidade de intervenções que fortaleçam o ajustamento familiar e promovam a parentalidade positiva, destacando a importância de políticas públicas e de programas de apoio que garantam o desenvolvimento infantil saudável e o bem-estar familiar.