Tese - Géssica Borges Vieira

Manuseio mínimo como instrumento de neuroproteção na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Autor: Géssica Borges Vieira (Currículo Lattes)

Resumo

A implementação do Protocolo de Manuseio Mínimo visa reduzir as sequelas neurológicas causadas por intervenções excessivas, além de diminuir a incidência de hemorragia intraventricular e mortalidade neonatal. Objetivou-se avaliar a eficácia do Protocolo de Manuseio Mínimo, implementado durante as primeiras 96 horas de vida, como estratégia de neuroproteção, na redução dos óbitos de neonatos prematuros com menos de 30 semanas de idade gestacional internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Estudo de coorte retrospectiva, de abordagem quantitativa, realizado em uma unidade neonatal de um hospital universitário do Sul do Rio Grande do Sul vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Os dados foram obtidos por meio da análise documental de prontuários de 94 neonatos com menos de 30 semanas de idade gestacional, divididos em dois grupos: 47 não expostos ao protocolo (três anos antes da implementação) e 47 expostos (três anos após). A análise dos dados foi realizada pelo software estatístico R 4.4.0 e a associação entre as variáveis foi testada pelo teste Qui-Quadrado de Pearson e teste de Fisher. Também foi realizado a soma de diferença de postos de Wilcoxon e modelos lineares de efeitos mistos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. O perfil materno revelou que 82,8% das gestantes eram da cidade do hospital, 52,1% eram multigestas, 74,5% fizeram uso de corticosteroide antenatal e 57,4% não utilizaram sulfato de magnésio. A média de idade materna foi de 27,7 ± 6,75 anos, com média de 3,6 ± 2,32 consultas pré-natais. Doenças hipertensivas e infecções urinárias foram os desfechos adversos mais frequentes. Quanto ao perfil neonatal, 61,7% nasceram por cesariana, 59,6% eram do sexo masculino, e a média da idade gestacional foi de 188,5 ± 12,83 dias. O peso médio ao nascer foi de 874,3 ± 295,31g. O Apgar no 1º minuto variou de 4 a 6 (54,9%) e no 5º minuto de 7 a 10 (62%). Entre os principais eventos clínicos, observou-se redução proporcional no número de óbitos após a implementação do protocolo. Síndrome do Desconforto Respiratório e Displasia Broncopulmonar foram frequentes, assim como o uso de surfactante, antibióticos, sedação e analgesia. Houve redução do uso de drogas vasoativas e aumento da administração de dieta pós protocolo. Relatos de hemorragias pulmonares e gastrointestinais diminuíram no grupo exposto, além de melhor controle respiratório e glicêmico. O uso de ventilação mecânica permaneceu elevado em ambos os grupos. Os exames de neuroimagem apresentaram maior proporção de achados normais no grupo pós protocolo. Também houve aumento na taxa de alta hospitalar nesse grupo. O aleitamento materno exclusivo apresentou menor frequência na alta em ambos os grupos. Conclui-se que o manuseio mínimo pode ser utilizado como instrumento de neuroproteção, contribuindo para uma assistência neonatal mais qualificada, centrada no cuidado humanizado e na minimização das lesões neurológicas, reduzindo, desse modo, o número de óbitos neonatais.

Palavras-chave: Recém-nascido prematuroUnidades de Terapia Intensiva NeonatalNeuroproteçãoEnfermagem neonatal