Experiências adversas na infância de mães jovens
Autor: Fabiane Lopes dos Santos (Currículo Lattes)
Resumo
As experiências adversas na infância referem-se a eventos traumáticos intensos e recorrentes vivenciados nos primeiros anos de vida, como diferentes formas de abuso, negligência, violência familiar e comunitária, além de disfunções familiares, incluindo o uso abusivo de álcool e outras substâncias. Este estudo teve como objetivo geral: analisar as experiências adversas na infância de mães jovens; e como objetivos específicos: descrever o perfil socioeconômico das mães jovens participantes do estudo e identificar a ocorrência e a frequência das diferentes experiências adversas vivenciadas na infância por mães jovens.Trata-se de um recorte do macroprojeto "Construindo um marco de justiça social para promoção da saúde mental e prevenção da violência entre jovens mães no Brasil", com financiamento internacional da Universidade de Nevada, Las Vegas - UNLV nos Estados Unidos. A coleta de dados foi realizada entre agosto de 2023 e agosto de 2024, por um grupo de quatorze estudantes de graduação em Enfermagem, Medicina e Psicologia. Participaram 172 mães jovens, com idades entre 18 anos e 19 anos, 11 meses e 29 dias, com filhos menores de cinco anos e cadastradas no programa Estratégia Saúde da Família, no município do Rio Grande . Foi aplicado o Adverse Childhood Experiences International Questionnaire (ACE-IQ-10). Os dados foram analisados com o software STATA 17.0, utilizando-se estatística descritiva. Os resultados revelaram elevada ocorrência e frequência de experiências adversas na infância entre as participantes, destacando-se a separação ou divórcio dos pais (77,33%), abuso emocional (75,58%), exposição à violência doméstica (63,37%) e abuso físico (55,81%). Conclui-se que essas jovens mães vivenciaram uma significativa carga de adversidades na infância, indicando a ocorrência de múltiplos eventos traumáticos. A predominância de experiências como abuso emocional e físico, além da instabilidade familiar, reforça a necessidade de intervenções precoces e de suporte continuado desde a infância até a maternidade, com vistas à ruptura dos ciclos de vulnerabilidade e à promoção da saúde integral dessas mulheres e de seus filhos.Esses achados reforçam a importância de reconhecer e abordar as experiências adversas na infância como determinantes sociais da saúde. A alta frequência de eventos traumáticos entre mães jovens evidencia a necessidade de políticas públicas intersetoriais que promovam cuidados integrais, intervenções precoces e suporte psicossocial, com o objetivo de romper ciclos de vulnerabilidade e contribuir para o desenvolvimento saudável dessas mulheres e de seus filhos.