Literacia em saúde no preparo dos pais para a alta do recém nascido prematuro internado em Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal.
Autor: Daniela Pasini (Currículo Lattes)
Resumo
Após o parto prematuro, os pais enfrentam a maternidade/paternidade em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), contexto que desperta sentimentos como medo, insegurança e incerteza diante da sobrevivência do filho. A alta hospitalar, ainda que esperada, pode ser vivenciada com estresse, exigindo preparo adequado para o cuidado domiciliar. Literacia em saúde se refere ao conhecimento e a competência para compreender e usar informações em saúde, promovendo autonomia e participação ativa no cuidado. Esta pesquisa objetivou analisar os conhecimentos, necessidades e recursos apontados por pais de recém-nascidos prematuros internados em UTIN, com vistas à construção de uma Literacia em Saúde que os preparem para assumirem os cuidados do recém-nascido prematuro no domicílio. Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, de abordagem qualitativa, realizada na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal de um Hospital Universitário do sul do Brasil. O referencial teórico foi baseado em Paulo Freire. Participaram vinte pais e mães de recém-nascidos prematuros internados entre junho de 2024 e fevereiro de 2025. A pesquisa seguiu os preceitos éticos da Resolução 510/2016, com aprovação do Comitê de Ética sob parecer CAAE: 73751823.0.0000.5324. A coleta de dados ocorreu por entrevistas semiestruturadas e sua análise seguiu a técnica de análise temática proposta por Minayo. Emergiram duas categorias: dificuldades no preparo para alta hospitalar na percepção dos pais e a relação dos pais com a equipe de enfermagem e sua influência no preparo para alta hospitalar (com três subcategorias: a enfermagem no enfrentamento da experiência de hospitalização do Recém-nascido prematuro em UTIN, dificuldades de relacionamento e literacia no preparo para alta) e uma proposta para implantação de um protocolo de alta com ênfase na literacia em saúde. A pesquisa revelou que o preparo para a alta vai além da transmissão de informações clínicas, exigindo estratégias educativas dialógicas, sensíveis às dimensões sociais, emocionais e culturais das famílias. As dificuldades relatadas incluíram medo, insegurança, ansiedade, culpa, ausência de informações claras, comunicação ineficaz e pouca participação no cuidado. A enfermagem foi reconhecida como apoio central, sendo o vínculo empático e dialógico essencial para a autonomia dos pais. Estratégias como teach-back, materiais educativos acessíveis e inclusão da rede de apoio familiar mostraram-se eficazes. Foram desenvolvidos um protocolo de alta e um folder explicativo, com linguagem acessível, baseados na perspectiva freireana e na filosofia do cuidado centrado na família. O estudo reforça que práticas educativas devem superar a lógica verticalizada da transmissão de informações e se basear no diálogo, na cultura e nas reais necessidades das famílias